quarta-feira, 23 de março de 2016

Religiões afro e as causas do preconceito

Dados da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro mostram que mais de 70% dos casos de ofensas, abusos e atos violentos registrados no Estado são contra praticantes de religiões de matrizes africanas.
A pergunta é: por que os adeptos da Umbanda, do Candomblé e de outras religiões de origem afro ainda são os mais atacados por conta de sua religião?
No ano passado veio à tona o caso da menina Kaylane Campos, de 11 anos, atingida por uma pedrada na cabeça, na Zona Norte do Rio, quando voltava para casa de um culto e trajava vestimentas religiosas candomblecistas.
Sem falar dos inúmeros terreiros incendiados no país, especialmente na região de Brasília.
Em recente reportagem, a BBC Brasil ouviu especialistas sobre as razões da hostilidade contra as religiões de origem africana.
Há duas explicações. Por um lado o racismo e a discriminação que remontam à escravidão e que desde o Brasil Colônia rotulam tais religiões pelo simples fato de serem de origem africana. Por outro, a ação de movimentos neopentecostais que nos últimos anos tem se valido de mitos e preconceitos para "demonizar" e insuflar a perseguição a umbandistas e candomblecistas.
A reportagem também aponta que mais de 70% das agressões são verbais e incluem ofensas como "macumbeiro e filho do demônio", mas as manifestações também incluem pichações em muros, postagens em redes sociais, além das mais graves que chegam a invasões de terreiros, furtos, quebra de símbolos sagrados, incêndios e agressões físicas.
Para Francisco Rivas Neto, sacerdote e fundador da Faculdade de Teologia com Ênfase em Religiões Afro-Brasileiras (FTU), baseada em São Paulo e a única reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) como formadora de bacharéis no tema, é impossível dissociar a intolerância do preconceito contra o africano, o escravo e o negro.
"Os afro-brasileiros são discriminados, tratados com preconceito, para não dizer demonizados, por sermos de uma tradição africana/afrodescendente. Logo, estamos afirmando que o racismo é causa fundamental do preconceito ao candomblé e demais religiões afro-brasileiras", diz.
Eu conheço pessoalmente mestre Rivas Neto e tenho por ele um imenso respeito e admiração. 

Concordo com sua tese de que o racismo é um dos principais fatores geradores de preconceito às religiões de origem africana. Tenho certeza, aliás, de que se o Candomblé tivesse vindo da Europa branca, por exemplo, não enfrentaria esse tipo de discriminação, nem mesmo de pastores neopentecostais.
Reflita sobre esse tema e, em silêncio com você mesmo, tire suas conclusões.

Axé!!!

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